24 de jul. de 2018

Agatha, oh Agatha...




Ler é um dos meus maiores prazeres. Não me importo muito, como muita gente, em ler somente clássicos, o que é considerado “literatura”, mas adoro também os livros pipoca. Fantasias, romances, ficção, o que puder colocar minhas mãos, contanto que o escritor seja um bom contador de historias e seus personagens tenham personalidade.

 Dickens, Shakespeare, Stephen King, Alexandre Dumas, Jane Austin, Neil Gaiman, Arthur Conan Doyle, Edgar Allan Poe, J. K. Rowling, Raymond Chandler, Georges Simenon, Boris Akunin, Dashiell Hammett, Andrea Camilleri, Jodi Picoult, Meg Cabot, Janet Evanovich e talvez a mais importante Agatha Christie, são todos excelentes contadores de historias. Não são os únicos, mas os que me vem à cabeça nessa hora. Não importa o que escrevam sempre conseguem te envolver em suas tramas, seus dramas, suas excêntricas comédias e seus romances.

Lembro da primeira vez que li Dickens, David Copperfield, e como foi difícil passar as primeiras cinqüenta paginas. A todo o momento tinha que atirar o livro na parede (figurativamente, claro) de tão dolorosa era a leitura. David não sofria sozinho, eu estava lá ao seu lado e o não poder confortá-lo na sua infância odiosa me deixou em prantos.

Talvez seja assim que você reconhece um bom contador de historias, quando ele deita as palavras no papel elas passam para sua alma de uma maneira que é impossível não sentir cada percalço, cada sucesso e exultar quando finalmente o final feliz chega.

Dickens, Jane Austin e Stephen King, para mim, são os mestres, pois seus personagens são tão reais como o casal que mora ao lado ou a velha solteirona do segundo andar. Eles existem em sua vida, você já os conheceu com outros nomes, em outras cidades, em outras décadas.

Mas quem me levou a eles foi Agatha Christie.

Quando comecei a ler eram os romances do século passado, livros já gastos que minha mãe ganhara quando jovem. Para uma menina eram um mundo lindo e cheio de sonhos a serem tecidos. Tragédias, atribulações e finalmente o amor vencendo.

E então, em um fim de semana com Tia Hilda, sem ter o que fazer revirei suas estantes e me sentei em sua sala pequena e perfeita com um livro de Agatha Christie e meu mundo mudou.

Você não somente lê Agatha, você discute com ela, reclama das informações que ela escondeu para te impedir de adivinhar o assassino, ri de seus personagens ricos e tão freqüentemente hilários e se diverte imensamente com historias absurdas, mas incrivelmente perfeitas para você. E assim ela te leva a pensar que existem mais escritores e será que existirão outras Agathas?

E com ela vieram os outros e incontáveis dias e noites de prazeres e sofrimentos fictícios que me abriram os olhos para tanta coisa que ignorava no mundo.

Para muitos leitores é importante manter o prestigio de leitor somente tendo olhos para os Dostoiévskis ou Tolstoys, mas isso é uma tolice imensa. Você pode aprender muito lendo Harry Potter de J.K. Rowling, Bag of Bones de Stephen King ou My Sister's Keeper de Jodi Picoult. O que você ganha com um bom contador de historias é infinitamente belo e o leva a querer cada vez mais.

Essa foi a mágica que Agatha trouxe à minha vida e até o fim de meus dias serei grata a ela.

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