Ler é um dos meus maiores
prazeres. Não me importo muito, como muita gente, em ler somente clássicos, o
que é considerado “literatura”, mas adoro também os livros pipoca. Fantasias,
romances, ficção, o que puder colocar minhas mãos, contanto que o escritor seja
um bom contador de historias e seus personagens tenham personalidade.
Dickens, Shakespeare, Stephen King, Alexandre Dumas, Jane Austin, Neil
Gaiman, Arthur Conan Doyle, Edgar Allan
Poe, J. K. Rowling, Raymond Chandler, Georges Simenon, Boris Akunin, Dashiell
Hammett, Andrea Camilleri, Jodi Picoult, Meg Cabot, Janet Evanovich e talvez a mais
importante Agatha Christie, são todos excelentes contadores de historias. Não
são os únicos, mas os que me vem à cabeça nessa hora. Não importa o que
escrevam sempre conseguem te envolver em suas tramas, seus dramas, suas excêntricas
comédias e seus romances.
Lembro
da primeira vez que li Dickens, David Copperfield, e como foi difícil passar as
primeiras cinqüenta paginas. A todo o momento tinha que atirar o livro na
parede (figurativamente, claro) de tão dolorosa era a leitura. David não sofria
sozinho, eu estava lá ao seu lado e o não poder confortá-lo na sua infância
odiosa me deixou em prantos.
Talvez
seja assim que você reconhece um bom contador de historias, quando ele deita as
palavras no papel elas passam para sua alma de uma maneira que é impossível não
sentir cada percalço, cada sucesso e exultar quando finalmente o final feliz
chega.
Dickens,
Jane Austin e Stephen King, para mim, são os mestres, pois seus personagens são
tão reais como o casal que mora ao lado ou a velha solteirona do segundo andar.
Eles existem em sua vida, você já os conheceu com outros nomes, em outras
cidades, em outras décadas.
Mas
quem me levou a eles foi Agatha Christie.
Quando
comecei a ler eram os romances do século passado, livros já gastos que minha
mãe ganhara quando jovem. Para uma menina eram um mundo lindo e cheio de sonhos
a serem tecidos. Tragédias, atribulações e finalmente o amor vencendo.
E
então, em um fim de semana com Tia Hilda, sem ter o que fazer revirei suas
estantes e me sentei em sua sala pequena e perfeita com um livro de Agatha
Christie e meu mundo mudou.
Você
não somente lê Agatha, você discute com ela, reclama das informações que ela
escondeu para te impedir de adivinhar o assassino, ri de seus personagens ricos
e tão freqüentemente hilários e se diverte imensamente com historias absurdas,
mas incrivelmente perfeitas para você. E assim ela te leva a pensar que existem
mais escritores e será que existirão outras Agathas?
E com
ela vieram os outros e incontáveis dias e noites de prazeres e sofrimentos fictícios
que me abriram os olhos para tanta coisa que ignorava no mundo.
Para
muitos leitores é importante manter o prestigio de leitor somente tendo olhos
para os Dostoiévskis ou Tolstoys, mas isso é uma tolice imensa. Você pode aprender muito lendo
Harry Potter de J.K. Rowling, Bag of Bones de Stephen King ou My Sister's
Keeper de Jodi Picoult. O que você ganha com um bom contador de historias é infinitamente belo e
o leva a querer cada vez mais.
Essa
foi a mágica que Agatha trouxe à minha vida e até o fim de meus dias serei
grata a ela.
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