19 de fev. de 2020

Tentativas e muitos erros...


Acho lindo quando assisto filmes sobre escritores/as e esses se sentam em suas mesas de trabalho com copos de vinho, bebericando enquanto enchem páginas de contos maravilhosos.

Eu tentei... juro que tentei, mas depois de um copo eu começo a ver o mundo muito cor de rosa, o que prejudica minhas histórias, que sempre têm toques de suspense. Fico animada por alguns momentos, escrevo parágrafos enquanto rio de minha esperteza. E logo durmo. O que escrevi tão feliz não me faz o menor sentido quando acordo.




Acho o máximo quando vejo fotos de meus escritores/as favoritos e a caixa com folhas lindamente impressas, uma por uma, dia a dia, de seus novos best-sellers. Aquela pilha de folhas soltas me deixa mais excitada que Brad Pitt nos seus melhores anos.

E eu tentei... Impressora ao meu lado, fui empilhando minhas páginas, sorriso no rosto por estar, de algum modo, ligada por um rito aos meus heróis. As folhas voam. Se espalham como se fosse alto outono. A bancada frente à janela que tanto me inspira não é um bom lugar para minhas palavras, parece. Coloco a pilha de bom tamanho longe de mim e, a cada página, tenho que me levantar e entregá-la ao seu lugar. Faz calor. Ligo o ventilador. Não há um lugar seguro para meu manuscrito. Desisto.



Fico animada escutando escritores dizendo como prepararam seus livros, como planejaram seus arcos, nos seus cadernos cheios de anotações sobre seus personagens. Fantástico!

Lá vou eu, me organizar e encher muitos cadernos, certo? Anoto cuidadosamente as características, os arcos, nomes, idades... Estranhamente, quando começo a escrever os personagens me mandam pastar e assumem a direção, ignoram, com um gesto desrespeitoso do dedo médio, a personalidade que lhes dei, e correm pelas páginas fazendo o que bem entendem.



Cada escritor acha seu jeito, seus ritos, não é possível forçar a mão e a mente a seguir um rumo, não quando ambas estão de comum acordo e te levam, mesmo que resista.

Eu gostaria de responder longamente se alguém me perguntasse sobre um arco de um de meus livros, gostaria de dizer que planejei e estudei as repercussões, mas não é assim. Não comigo. Certas coisas pulam para a página sem pedir e eu as respeito e as deixo viver onde merecem. Fora da minha imaginação.

Abraços

Andréa Claudia Migliacci

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