25 de nov. de 2015

Inocência

"Girl at the mirror" Norman Rockwell
 
 
A verdade é que perdemos a inocência. Todos nós. Quando se é inocente nãos nos prendemos ao que nos falta, mas aos nossos sonhos. Aceitamos o que existe a nossa volta sem revolta, mas com uma imensa curiosidade. Olhamos para tudo sem preconceitos, sem pré-julgamentos, sem medo. Olhamos para o espelho e não vemos nossas imperfeições, mas a promessa de um super herói. Sonhamos em ser corajosos e justos, em estender a mão aos que precisam, em levantar quem cai. Queremos ser bombeiros, policiais, enfermeiras, médicas, cientistas, pilotos, aeromoças, queremos servir ao mundo e receber sorrisos. Em nossa inocência somos puros de uma maneira que nunca mais seremos e isso é uma pena, porque quando somos inocentes somos perfeitos. A idade somente nos trás decepções. Cedo demais começamos a duvidar de nosso valor, cedo demais olhamos no espelho e vemos imperfeições, cedo demais procuramos por caminhos que agradem a todos a nossa volta e não ao nosso coração. Eu olho no espelho agora e vejo uma doce menina acenando, cheia de amor e energia me dizendo para esquecer do mundo e ser inocente novamente. Eu queria ser uma veterinária, salvar pessoas de desastres, saber desenhar ou pintar, aliviar o sofrimento de animais, eu queria ser uma heroína para ao menos uma pessoa, ter uma organização que corresse o mundo curando o coração dos que sofrem nas guerras. Não posso dizer que consegui o que a menina no espelho queria, nem de perto, mas isso não quer dizer que não devo continuar tentando. Uma alma, uma ferida, um medo por vez. Eu posso ser mais inocente. Eu quero ser mais inocente.