Passamos a vida buscando por grandes gestos. Seja um pedido
de casamento, uma grande festa surpresa, uma declaração de amor em altos
brados, uma grande promoção, esperamos muitas vezes inutilmente, nos esgotamos em
esperanças vãs e decepções amargas.
O mundo virou essa grande competição pela melhor noticia
pessoal em sua pagina do facebook. Vale tudo, almoço em restaurante famoso até
detalhes íntimos que deveriam pertencer somente ao casal.
É o famoso esfregar na cara. Tanto a graça quanto a
desgraça, porque percebo que para muitos a desgraça compartilhada é uma espécie
de bônus também. Quanto mais pessoas se compadecerem e tornarem publico esse
sentimento melhor. O importante é sentir-se importante quando o importante não
deveria importar realmente.
E ai chego nas coisas sem importância que deveriam encher
suas prateleiras, mas quase nunca saem do fundo do armário. Coisas como
simplesmente ter uma família, não a família que se reúne no selfie para o facebook, mas aquela família que
você observa silenciosamente agradecendo a Deus que ela existe. Aquela família que
te dá o sentimento sublime de pertencer, de nunca estar só, mesmo quando
gostaria de estar. E o faz em silencio, porque o sentimento é enorme demais par
dividir.
Ou o fato de ao sair pra comprar um presente de aniversario
para seu irmão e se emocionar com o fato de que são tão unidos e presentes na
vida um do outro que escolher o que lhe
agradará sempre te leva a lembranças de horas, minutos, segundos de perfeita
amizade.
Ou levantar no meio de um dia qualquer, rodeado pelos que
ama, e cozinhar algo saboroso que demonstre o que sente. Doce e suave como o
fato de que prefere lidar com a louça suja depois do que não ver o sorriso
contente em seus rostos.
Ou o estar contente no meio da tarde com seus peludos
fazendo graça enquanto você escreve as besteiras que passam pela sua cabeça.
Lembro de um dia escrever um post para o blog onde dizia que
o grande gesto de amor não é o GRANDE, mas sim o não comer as ultimas batatinhas,
pois sabe o quanto seu irmão gosta delas. E cada dia mais acredito nisso, pois
cada grande gesto que vi na minha vida escondia uma decepção, mas os pequenos
gestos sempre escondiam grandes sentimentos.
E é assim também quando leio as mensagem trocadas entre meus
amigos da era vitoriana, quando tínhamos 17, 18 anos. São mensagens cheias de
humor e carinho real. E cada mensagem que leio rio lembrando de nossos tempos
em Mirandópolis, no postinho, no predinho.... Nada importante.
E assim é quando uma grande amiga liga somente para saber
como estou. Nada importante, somente para dizer que apesar do tempo e distancia
a amizade não evapora, somente fortalece.
E é assim quando aquela tia querida te visita, aquela que
desde menina foi a única a te olhar com carinho real e passam o dia a falar do
mundo como se este fosse um globo de neve. Onde dividem planos e sonhos e
lembranças. Nada importante.
E é assim quando, no meio de uma crise que te arrasa, o já
mencionado irmão te olha sorrindo e diz que tudo vai dar certo e você acredita
porque enquanto estiverem juntos o resto não importa. Nada importante.
Não se enganem, leio todas grandes noticias, todas pequenas
noticias, todas crises, de todos, mas me agradam muito mais as de pequenos
gestos sem importância.
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